27.3.09

do coberto vegetal, à tecelagem e aos artefactos

no domingo passado fui passear até mealha e cachopo, no interior do concelho de tavira. já tinha ido a cachopo guiada pelas placas invulgares mas desconhecia tudo o que vi. o passeio foi muito bem organizado pelo palácio da galeria/ câmara de tavira (já referido aqui).
o tema deste primeiro passeio foi o coberto vegetal, a tecelagem e os artefactos, no qual foi possível interpretar o território através dos ciclos de apanha, tratamento e transformação sugeridos pelo ciclo anual da paisagem humanizada serrana*.

casa
dentro do palheiro

a visita começou pela mealha. percorremos grande parte da aldeia, olhámos as construções e algumas das suas particularidades, os fornos, o interior das habitações já não habitadas, a paisagem e a vegetação. falámos com os aldeões, vimos e entrámos nos palheiros.

d. beatriz a tecer
manta

o passeio seguiu para o atelier da d. beatriz que nos mostrou o seu tear. ensinou ainda a urdir, a encher a canela, que depois encaixa na lançadeira e é esta que vai ser passada pelos fios da urdidura [nota: os fios da urdidura são os fios ao longo do tear e os fios da trama são os conduzidos pela lançadeira] e a tecer, pelo abaixamento e levantamento alternado de cada série de fios*.

o outro canto

seguimos para a loja-atelier da d.conceição que também faz meias com cinco agulhas e que nos mostrou o seu trabalho e outros teares.

as voltas que o linho dá
a tecer

voltámos para cachopo para almoçar e para ver o museu vivo com visita guiada. a d.otília explicou e exemplificou quando possível as voltas que o linho dá até ao produto final.

a linhaça é semeada e colhida. depois o colmo e a espiga amarelecem e são sacudidos ou mastovados. a linhaça é depois curtida ou alagada e demolhada durante uma semana. depois secada e pisada a malho. depois é tasquinhada com paleta de madeira, separando as fibras mais longas dando origem ao fio de linho e as mais curtas à estopa. as fibras são fiadas com fuso e roda de fiar* ou como se fazia antigamente quando havia tempo com a roca.

mas pelos vistos todo este processo ainda se mantêm [ou vão-se mantendo!].
a d.otília mantém para além do museu vivo, o quiosque o moinho que promove os produtos e costumes da zona de cachopo [e dá formação em tecelagem manual?]. para além disso, disse-nos que teve formação no tratamento e processamento do linho e em tinturaria natural e que por isso ainda cultiva algumas plantas para esse fim.

o passeio terminou com uma visita ao núcleo museológico de cachopo, onde estão retratadas as actividades (com alguns dos respectivos utensílios) e os costumes serranos que ainda se mantêm [a muito custo?].

:: todas as fotografias do passeio aqui.

[agradeço à marta santos que tão bem nos orientou durante o passeio e que disponibilizou alguma informação acerca das três artesãs.]

* retirado e/ou adaptado do panfleto informativo do passeio.

6 comentários:

  1. Que belo passeio! Tenho saudades de Tavira...

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  2. Tenho mesmo mta pena de n ter podido ir. Mas já tinha o fds combinado no Porto (que me surpreendeu c mtas novidades). Ver se consigo ir ao próximo. Obgada por partilhares. :D

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  3. a minha mae é amiga dessa d.otilia k referes!!! lol bj

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  4. :) Pois, deve ter sido um belo passeio!
    Obrigada por partilhares isto tudo!

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  5. que reportagem estupenda ! que maravilha de trabalho !

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  6. pah e meterem aqui coisas ainda mais intersantes!!

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Obrigada pelo comentário.